Perguntas e Respostas ECT

O que é eletroconvulsoterapia?

É a aplicação de um estímulo elétrico no cérebro, sob anestesia geral e monitorização, com o objetivo de produzir uma convulsão terapêutica.

Para que serve?

Em geral é usada  como último recurso no tratamento de quadros psiquiátricos graves resistente à terapia com medicamentos (depressão, esquizofrenia, bipolaridade), psicoterapia ou a outras formas de neuromodulação. Pacientes com sintomas residuais incapacitantes também se beneficiam. Também é uma escolha em casos onde a resposta rápida é importante. É especificamente eficaz em transtornos psiquiátricos graves como mania e catatonia e em situações de elevado risco de suicídio.

São indicações possíveis:

  1. Depressão grave e refratária, bem como quadros depressivos com sintomas residuais refratários e incapacitantes;
  2. Transtorno Bipolar, mania grave com ou sem psicose;
  3. Catatonia;
  4. Situações Clínicas específicas: quadros graves de depressão com ou sem psicose em idosos, como Sd. de Cotard, quadros graves do humor ou psicóticos na gestação; Síndrome neuroléptica maligna, risco de suicídio alto e iminente;
  5. Doença de Parkinson;
  6. Epilepsia refratária.
  7. Agressividade severa e refratária nas deficiências intelectuais (autismo severo e outras formas de retardo mental grave e profundo), com comportamentos auto e heteroagressivos, que coloquem a integridade da própria pessoa e de seus familiares em risco. Em geral, se indica ECT em quadros dramáticos, que não respondam a diversas estratégias farmacológicas (inclusive combinadas, em doses efetivas) e às intervenções comportamentais. Geralmente são pacientes expostos a doses muito altas de psicofármacos e que necessitam de alguma forma de contenção física com regularidade, praticamente diária. O paciente deve ter a  indicação pelo médico assistente e avaliação pelo especialista em ECT. O procedimento só é realizado com consentimento livre e esclarecido dos pais ou responsáveis.

Como funciona?

A descarga elétrica gerada pela ECT ajuda a regular a liberação de neurotransmissores no cérebro, responsáveis pela transmissão de impulsos de informações de um neurônio para o outro. No longo prazo é capaz de ativar a plasticidade cerebral, melhorando as conexões e o funcionamento das redes neuronais.

Como é realizada?

A aplicação da ECT é feita por meio de dois eletrodos, colocados em determinados pontos do crânio, de acordo com a área que se quer estimular (em geral, bitemporal, bifrontal ou unilateral direito). O paciente é anestesiado antes do procedimento tem sua freqüência cardíaca e pressão arterial monitoradas e é assistido por equipe composta por psiquiatra, anestesista, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Sempre é feita em sala de procedimentos adequada para tal, de acordo com as normas do Conselho Federal de Medicina.

Quanto tempo dura o procedimento?

O tempo total do procedimento é de cerca de 30 minutos. O paciente recebe uma anestesia de curta duração e permanece na sala de recuperação sob os cuidadosda equipe de enfermagem, até sentir-se bem. Após, recebe um lanche e já pode retornar para casa.

Quantas aplicações são necessárias?

A ECT costuma ser realizada duas ou três vezes por semana, sendo necessárias, em média, de 6 a 12 aplicações para que se atinja os resultados esperados. A freqüência e o número de aplicações são decididos em consenso entre o médico do paciente que indicou a ECT e a equipe especializada. A resposta é bastante individualizada, e depende de muitos fatores, como gravidade, tempo de doença e diagnóstico, além dos parâmetros da estimulação. Desta forma, há pessoas que demoram mais tempo para responder ao tratamento, não havendo uma regra fixa quanto ao número de sessões.

Quais os resultados?

O resultado é superior ao obtido com remédios. Enquanto a resposta ao tratamento com antidepressivo é da ordem de 60/70%, a ECT chega a 90% de resposta, mesmo recebendo pacientes mais graves e refratários. Outra vantagem é que os efeitos da ECT são mais rápidos.

Quais os efeitos colaterais?

Dor de cabeça, dor muscular (que melhora com analgésicos comuns), náuseas (também facilmente tratável) e alterações na memória, recuperada no prazo máximo de seis meses. As alterações na memória geralmente são para eventos recentes. Os equipamentos e as técnicas mais modernas permitem minimizar este efeito. Memórias mais antigas, como autobiográfica, fica preservada. Mas pode haver algum problema temporário nas atividades do cotidiano, como trabalho e estudo, que melhoram após o ciclo de tratamento. Na decisão clínica, compartilhada com o paciente, os benefícios esperados precisam ser maiores que os riscos.

Quais os riscos?

Os riscos estão relacionados à anestesia. Podemos comparar ao risco de qualquer procedimento ambulatorial, como uma lipoaspiração. As complicações graves ocorrem em 1 a cada 100.000 procedimentos. Assim, antes do início das aplicações, são realizados exames laboratoriais (hemograma, glicemia, nível sérico de potássio), eletrocardiograma, exame de fundo-de-olho ou tomografia de crânio, radiografia de tórax, avaliações cardiológica e odontológica. Isso garante a segurança do procedimento.

Para que serve a ECT de manutenção?

Pela lógica, cessa a causa, cessa o efeito. Se o paciente responde bem ao tratamento, pode ser realizada a ECT de manutenção, com periodicidade variável. Como ensina o Prof. Max Fink, da Univ. de Nova Iorque (NYU), se até aquele momento o paciente não respondeu aos medicamentos, não há nenhuma evidência de que isso magicamente ocorrerá após a ECT. É uma medida prudente, pois as recaídas são muito freqüentes nos casos graves. Não há limite para o número máximo de aplicações que uma pessoa pode receber em um esquema de manutenção. A ECT não causa dano cerebral - pelo contrário! Está demonstrado que a ECT aumenta a liberação de BDNF (fator neuro

Quais as contra-indicações?

A ECT é contra indicada em casos de infarto do miocárdio recente (até 6 meses), condições que aumentam a pressão intracraniana (tumores ou hematomas), aneurisma cerebral ou sangramentos cerebrais ("derrames"). Arritmias do coração devem ser avaliadas por um cardiologista, pois a maioria não contra-indica a utilização de ECT. Condições clínicas crônicas, como diabetes, hipertensão, doenças pulmonares e cardiológicas devem estar bem compensadas

Orientações e preparo antes do tratamento

Os agendamentos de datas e retornos devem ser bem observados.

Na data marcada, o paciente deverá:

  • Vir acompanhado por pessoa maior de 18 anos (você precisará de um acompanhante para ir embora após o procedimento!)
  • Estar em jejum, iniciado às 8h antes do horário agendado para o tratamento. Água pura (SOMENTE ÁGUA!) pode ser bebida até 4 horas antes do horário agendado para o tratamento. Pacientes que façam uso de medicação para hipertensão devem ingeri-la com pouca água (10ml), 4(quatro) horas antes da ECT. 
  • Comunicar o médico no caso de portar qualquer tipo de alergia.
  • Comunicar qualquer desconforto ou efeito colateral ocorrido na sessão anterior!
  • Discutir com o seu médico e com o médico da equipe de ECT suspensão de medicamentos anticonvulsivantes, como carbamazepina, topiramato, oxcarbazepina, lamotrigina e todos os de "tarja preta"/"calmantes" (como Rivotril, Frontal). Em geral, recomendamos não ingerir estes medicamentos no dia da ECT e limitar seu consumo na véspera, sempre a critério médico. 
  • Vir com os cabelos limpos e secos e com roupas confortáveis e abotoadas na frente.
  • Trazer roupas extras para troca, caso seja necessário.
  • Não usar esmalte (ao menos em um dedo) e maquiagem no dia do tratamento, para facilitar a observação da coloração da pele e extremidades.
  • Retirar óculos, lentes de contato, próteses auditiva e dentária móveis, grampos e adornos de cabelo, relógio, jóias ou qualquer outro objeto de metal antes do procedimento, deixando-os com o acompanhante.