Revista Veja 2005 - Tratamento contra a depressão

Nos últimos anos, várias pesquisas científicas concluíram que o melhor tratamento é o que combina remédios e psicoterapia. "Fatores biológicos e psicossociais são igualmente relevantes na composição dos transtornos depressivos", afirma Miréia Roso, pesquisadora do Grupo de Estudos de Doenças Afetivas, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Abaixo, os tipos de tratamento mais utilizados atualmente.

Vagus Nerve Stimulation (VNS)

Um aparelhinho parecido com um marcapasso é implantado no tórax do paciente. Seus impulsos elétricos estimulam o nervo que influencia a região cerebral responsável pelas emoções e na qual ocorrem os processos depressivos. Empregado com sucesso contra a epilepsia, recentemente, foi aprovado também para pacientes com depressão severa que não respondem ao uso de antidepressivos. Ainda não disponível no Brasil, custa 20 000 dólares.

Eletroconvulsoterapia (ECT)

Estigmatizada no passado devido à aplicação de choques elétricos nas têmporas dos pacientes, a técnica se modernizou e é considerada eficaz em certos casos, como depressões graves e resistentes a medicamentos. "Se a pessoa não melhora nem responde a um ano inteiro de doses altas de antidepressivos, a ECT é uma boa opção", afirma a psiquiatra Márcia de Macedo Soares, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

Estimulação Magnética Transcraniana

Técnica recente e semelhante à ECT - só que usa ondas eletromagnéticas no lugar de choques elétricos. Impulsos magnéticos sobre o crânio geram uma fraca corrente elétrica capaz de provocar alterações na atividade das células nervosas. No caso da depressão, requer uma dezena de sessões diárias de quarenta minutos. Ainda não foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), a agência que regula o uso de medicamentos nos Estados Unidos.

Farmacoterapia

O tratamento à base de medicamentos, ministrado por psiquiatras, é comprovadamente eficaz, mas há limitações. Os antidepressivos não curam a doença - apenas normalizam as disfunções causadas por ela no organismo. As drogas não fazem efeito em cerca de 20% dos pacientes e apresentam, em maior ou em menor escala, efeitos colaterais como ganho de peso e perda de libido (veja os principais antidepressivos).

Psicoterapia

Enquanto a farmacoterapia atua sobre as conseqüências da depressão, a psicoterapia tenta elucidar suas causas. Uma modalidade em voga é a cognitivocomportamental: o paciente é "ensinado" a identificar eventuais visões distorcidas da realidade e a modificar crenças sobre si e sobre os outros. Aprende a mudar de postura e a ser mais proativo na resolução de problemas. Deve-se ter o cuidado de procurar profissionais com referências sólidas. As aparências enganam Em muitos casos, o problema é só stress A tristeza é um dos vários sintomas da depressão, mas estar triste não é sinônimo de estar deprimido. "Baixo-astral não é uma doença, mas um sentimento normal em situações de perda, luto, frustração e insucesso", explica o psiquiatra Orestes Diniz Neto, professor da Universidade Federal de Minas Gerais. Outro equívoco comum é confundir depressão com stress. Uma diferença importante é que o stress pode ser eliminado com atividades relaxantes, enquanto na depressão elas não são suficientes. O quadro ao lado faz a distinção entre os três problemas.

Editado por José Edward.

Colaboraram João Barile e Maria Cláudia Santos

Revista Veja

03/07/2005